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Compreendendo a Confiabilidade Duas-Metades (Split-Half Reliabity)

No campo da Psicometria, pesquisadores e profissionais frequentemente buscam garantir a precisão e consistência de seus instrumentos de medição. Um dos métodos usados para avaliar a confiabilidade de um teste ou questionário é a confiabilidade por Duas Metades ou, também chamada de Split-Half em inglês.

Neste post, exploraremos o que é a confiabilidade por Duas Metades, quando usá-la e suas limitações, para assim ajudar a entender melhor sua aplicação no campo da Psicometria.

O que é a Confiabilidade por Duas Metades ?

A confiabilidade por Duas Metades é um método estatístico usado para avaliar a consistência interna e a confiabilidade de um instrumento de medição, como um teste ou questionário.

Ela mede a extensão em que os itens ou questões dentro do instrumento avaliam consistentemente o mesmo construto ou traço. A ideia básica por trás da confiabilidade por Duas Metades é dividir os itens ou questões em duas metades equivalentes e, em seguida, comparar os resultados obtidos de cada metade.

Como Calcular a Confiabilidade Duas Metades

O processo de cálculo da confiabilidade por Duas Metades envolve as seguintes etapas:

Dividindo o instrumento: Divida os itens ou questões do instrumento de medição em duas metades iguais. Essa divisão pode ser feita aleatoriamente ou agrupando os itens que medem aspectos semelhantes do construto.

Pontuação: Para cada metade, calcule as pontuações para os indivíduos separadamente.

Correlação: Calcule o coeficiente de correlação (tipicamente usando técnicas como a correlação de Pearson ou a correlação de Spearman) entre as pontuações obtidas das duas metades. Essa correlação representa o grau de consistência entre as duas metades.

Vamos considerar um exemplo prático para ilustrar o conceito de confiabilidade por duas metades.

Suponha que um psicólogo esteja desenvolvendo um questionário de personalidade com 50 itens para avaliar os “Cinco Grandes” traços de personalidade. Para avaliar a confiabilidade deste questionário, eles dividem aleatoriamente os 50 itens em dois conjuntos de 25 cada.

Após administrar o questionário a um grupo de participantes, eles calculam a correlação entre as pontuações obtidas das duas metades. Se o coeficiente de correlação for alto (por exemplo, acima de 0.70), isso sugere boa confiabilidade de meia divisão, indicando que o questionário mede consistentemente os traços de personalidade pretendidos.

Limitação

Dado que este procedimento consiste em separar o teste em duas partes e calcular a correlação entre elas. Se os valores de correlação forem elevados, então há evidências de confiabilidade pelo método das metades para o teste todo.

De acordo com Zanon e Hauck-Filho (2015) um problema, nesse caso, consiste em determinar como o teste deve ser dividido, pois a predominância de conteúdos relevantes em apenas uma das metades apenas pode comprometer a avaliação da confiabilidade por esse método.

A divisão entre itens pares e ímpares pode ser usada desde que os domínios de conteúdos cobertos pelo teste não se concentrem em uma das metades. Além disso, os autores colocam que essa divisão seria apenas pertinente se os itens estiverem dispostos em ordem crescente de dificuldade. Todavia, é alertado que dependendo da forma como os teste é dividido, podem ser obtidos coeficientes distintos.

Portanto, embora a confiabilidade por Duas Metades possa ser uma ferramenta útil para avaliar a consistência interna dos instrumentos de medição, os investigadores devem ser cautelosos quanto às suas limitações.

É importante considerar essas limitações ao interpretar os resultados e complementar a confiabilidade dividida pela metade com outros métodos de avaliação de confiabilidade, quando possível, para obter uma imagem mais abrangente da confiabilidade de um teste.

Esperamos que este post tenha ajudado você a entender melhor esses conceitos e como aplicá-los na prática.

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Referência

Zanon, C. & Hauck-Filho, N. (2015) Fidedignidade. In Psicometria. Org: Claudio Simon Hutz, Denise Ruschel Bandeira, Clarissa Marceli Trentini. – Porto Alegre : Artmed.

BRUNO FIGUEIREDO DAMÁSIO

Sou Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia. Venho me dedicando à Psicometria desde 2007.

Fui professor e chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ durante os anos de 2013 a 2020. Fui editor-chefe da revista Trends in Psychology, da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) eEditor-Associado da Spanish Journal of Psychology, na sub-seção Psicometri e Métodos Quantitativos.

Tenho mais de 50 artigos publicados e mais de 3000 citações, nas melhores revistas nacionais e internacionais. Atualmente, me dedico a formação de novos pesquisadores, através da Psicometria Online Academy. Minha missão é ampliar a formação em Psicometria no Brasil e lhe auxiliar a conquistar os seus objetivos profissionais.

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